História da fotografia


LAMBE-LAMBE
Ao que tudo indica, o nome lambe-lambe foi sugerido por um gesto bastante incomum no exercício da profissão, isto é, o teste que se faz para verificar de que lado está a emulsão de uma chapa, filme ou papel sensível. Para evitar o erro de colocar a chapa com a emulsão voltada para o fundo do chassis o que deixaria fora do plano focal e portanto com falta de nitidez, costumava-se, não só o fotógrafo lambe-lambe, mas como qualquer outro fotógrafo que utilizava câmeras de grande formato, molhar com saliva a ponta do indicador e do polegar e fazer pressão com esses dois dedos sobre a superfície do material sensível num dos cantos para evitar manchas. O lado em que estiver a emulsão será identificado ao produzir uma leve impressão de "colagem" no dedo. O historiador Boris Kossoy, em seu pioneiro ensaio sobre o tema, publicado em 1974 no Suplemento Literário do jornal O Estado de São Paulo, "O Fotógrafo Ambulante - a história da fotografia nas praças de São Paulo", explica que "a origem do termo lambe-lambe é controvertida.
Segundo alguns lambia-se a placa de vidro para saber qual era o lado da emulsão o que explicaria o nome. Tal fato, porém, parece pouco viável, pois o simples tato, ou a observação da chapa em local escuro mostra qual o lado da película sensível. Há quem diga que se lambia a chapa para fixá-la, porém a origem mais viável parece estar ligada ainda ao antigo processo da ferrotipia*. Este processo envolvia uma camada de asfalto sobre uma chapa de ferro de mais ou menos 1 mm sobre a qual era aplicada a emulsão. Após a revelação com sulfato de ferro, o fotógrafo lambia a chapa, fazendo com que a imagem se destacasse do fundo preto asfáltico pela ação do cloreto de sódio existente na saliva.
Acreditamos mais na idéia de que foi o gesto, mágico e furtivo do fotógrafo de jardim, que para identificar a emulsão, impressionava tanto os populares que nada conheciam sobre a arte da luz e sombra, é que acabou dando o nome de lambe-lambe para essa atividade profissional.




OS GRANDES FOTÓGRAFOS
Alfonse Mucha - 1860-1939
Mucha trabalhando em seu estúdio
Alphonse Marie Mucha é mais conhecido como o artista gráfico da Art Nouveau, de estilo inconfundivel e referência de toda uma "Belle Epoque". Entre 1880 e 1920, utilizou a fotografia como meio de estudo para suas ilustrações e com a sensibilidade visual amealhou um trabalho consistente também na fotografia

Foto estudo como base para o desenho.

Estudos de ballet, 1900
Em abril de 1913, Mucha viaja para a Rússia com a intenção de coletar material para sua pintura da proclamação do Tzar Alexander II, que faria parte de sua série de Épicos Eslavos. Mucha se impressionou com o que chamou de Relíquia de Sociedade Medieval co-existindo em "pleno" século XX ! Grande parte das fotografias estragaram-se, restando muito pouco, mas nem porisso, menos consistente, esta notável reportagem social.


Da sua viagem à Rússia, 1913, pobreza espalhada como um prenúncio da revolução.



PIONEIRO DA FOTOGRAFIA
Historicamente o legítimo pioneirismo da fotografia em uma chapa metálica é de Niépce (1826), Físico francês nascido em Chalon-sur-Saône, Saône-et-Loire, autor de pesquisas fundamentais para a invenção da fotografia. Ele começou seus experimentos fotográficos (1793), junto com o seu irmão Claude, oficial da marinha francesa, durante uma temporada em Cagliari. Tentava obter imagens gravadas quimicamente com a câmara escura, durante uma temporada em Cagliari, mas as imagens desapareciam rapidamente gerando sua primeira curiosidade no asunto. Devido a uma deficiência visual, abandonou as forças armadas (1805) e voltou para Chalon-sur-Saône, onde se dedicou à pesquisa e realizou projetos como o do motor a explosão movido a pó de licopódio. 

Com o boom da litografia na França, e suas limitadas habilidades como desenhista, resolveu investir e estudou a aprimoramento de um novo método de reprodução de imagens permanentes através da câmera escura sobre o material litográfico utilizado na imprensa (1813). Ele conseguiu reproduzir a paisagem vista da janela de sua oficina em um papel sensibilizado com cloreto de prata (1816) e exposto durante várias horas na câmera escura, obtendo uma fraca imagem parcialmente fixada com ácido nítrico. 

Eram imagens em negativo e ele queria imagens positivas que pudessem ser utilizadas como placa de impressão, depois de realizar novas tentativas produziu fotografias rudimentares com chapas de vidro (1822), mas ainda sem estabilidade. Seguindo suas pesquisas, ele conseguiu imagens que demoraram a desaparecer (1824) e posteriormente (1826), com uma câmara escura, conseguiu reproduzir uma paisagem em uma chapa de estanho e o primeiro exemplo de uma imagem permanente ainda existente. Ele chamou o processo de heliografia, gravura com a luz solar, e demorava oito horas para gravar uma imagem. Apesar desta imagem não conter meios tons e não servir para a litografia, ela é considerada como a primeira fotografia permanente da história.


A FOTOGRAFIA CHEGA AO BRASIL...
Enquanto eram discutidos estudos no velho continente, no Brasil, havia um francês que morava no Rio de Janeiro, Antoine Hercule Romuald Florence, que já tinha estudado estudava sobre o assunto, independente do que acontecia na sua terra natal.
Aqui ele foi trabalhar numa livraria e tipologia de Pierre Plancher – fundador do Jornal do Commercio do Rio de Janeiro. Através de um anúncio Florence ficou sabendo de uma expedição científica que procurava desenhistas para a documentação da viagem. A Expedição Langsdorff foi organizada por um cônsul da Rússia no Brasil e por um médico alemão, Georg Heirinch von Langsdorff, entre os anos de 1825 a 1829.
Na sua volta para o Rio, Florence encontrou dificuldades para o registro de suas imagens e entre 1832 a 1836 pesquisou formas de impressão. e Esse estudo foi chamado de Polygraphye.
Pouco se sabe que o primeiro Daguerreótipo foi trazido pelo abade francês Louis Compte. Ele estava a bordo de um navio-escola, L’Oriental, que tinha o objetivo de levar ao mundo as novas descobertas, dentre elas a fotografia.
Compte fez algumas demonstrações do novo experimento e a sociedade do Rio de Janeiro ficou impressionada com o objeto. E por meio dele foram feitas as primeiras imagens obtidas através do Daguerreótipo: vista do largo do Paço e da Praça do Peixe, ambos no Rio de Janeiro. E a primeira demonstração foi realizada em 17 de janeiro de 1840, no Hotel Pharoux, para um público seleto.
Apesar de ser a capital do império e centro da elite naquele período, o primeiro contato do imperador D. Pedro II não aconteceu no Rio, onde era o centro da elite naquele período. Distante de seu lugar comum, nos estados de Pernambuco e Paraíba, ele foi para uma visita e lá o daguerreotipista August Morand foi convidado para fazer algumas demonstrações. O entusiasmo do pequeno Imperador era tamanho que ele encomendou o seu próprio Daguerreótipo e aprendeu a manuseá-lo.
D. Pedro II pode ser considerado o primeiro fotógrafo nascido no Brasil e o mais jovem também, pois ele estava com 15 anos, e o primeiro colecionador, portando mais de 25 mil imagens, que hoje estão na Biblioteca Nacional. E sua paixão era tão grande enorme que levou o aparelho para os vários lugares do país, muito embora fosse restrito o aprendizado da fotografia.


SABE O QUE É MONÓCULO?
Direto do fundo do baú: Em tempos de câmeras e fotografia digital, me lembrei do monóculo, para quem não sabe o que é ou do que se trata, estou falando daquela caixinha colorida que tem uma lente e dentro dela uma foto bem pequena, que quando olhamos dentro dela temos a impressão de que a foto que estamos vendo lá dentro é gigantesca.

Há alguns anos atrás era muito comum em cidades locais turísticos ou religiosos o comércio vender estes aparatos com fotos dos pontos turísticos ou mesmo dos próprios turistas que eram fotografados ao acaso (ou de caso pensado mesmo!) e depois oferecido ao alvo cliente turista como uma pequena lembrança do local visitado.
Hoje com a facilidade das câmeras digitais imagino que este souvenir deixou de ser vendido e caiu no esquecimento, pelo menos não me lembro mais de ter visto isso a venda.


PRIMEIRA FOTO EM CORES
Foi exibida há exatamente 150 anos na Escócia. Técnica é utilizada até hoje
Foto: Thomas Sutton/Reprodução
A simples imagem de uma faixa de tecido escocês pode não chamar muita atenção, mas ela causou um enorme impacto há 150 anos (17 de maio de 1861), segundo informações da BBC Mundo. Foi o momento crucial do desenvolvimento da fotografia colorida, base da tecnologia atual que utilizamos em nossas câmeras. A foto foi vista pela primeira vez na King's College, em Londres, durante uma aula sobre a teoria da cor ditada pelo físico escocês James Clerk Maxwell.
A primeira foto com cor permanente, batida por Thomas Sutton, um colaborador do físico, é feita de três fotos em preto e branco. Cada uma das fotos foi tirada por meio de um filtro de cor vermelho, verde e azul, respectivamente.
Técnica que continua
A transmissão de fotos por cabos durou até os anos 80. Levou um tempo para que a transmissão totalmente colorida fosse de uso geral mesmo após o envio eletrônico substituir os cabos.

Este era basicamente o processo que, até relativamente pouco tempo, as agências de notícias usavam para transmitir via cabo as fotografias de diferentes partes do mundo. O sistema foi baseado na descoberta de James Clerk Maxwell, que distinguia as cores magenta, ciano e amarelo.



A PRIMEIRA MÁQUINA FOTOGRÁFICA
A daguerreotipia era um processo bastante rudimentar e não permitia que fossem feitas cópias. Uma vez pronta, a foto consistia numa chapa metálica, na qual ficava gravada a imagem. O equipamento era pesado e o processo, caro (os elementos químicos eram de difícil obtenção e as placas de cobre revestidas, caríssimas). Apesar das dificuldades, em pouco tempo o daguerreótipo espalhou-se pela França e a fotografia se tornou uma febre.

O processo todo, chamado de daguerreotipia, foi apresentado ao público no dia 19 de agosto de 1839. O grande lance de sorte de Daguerre foi a descoberta do mercúrio como revelador, o que reduziu o tempo de exposição à luz. As histórias contam que isso aconteceu por acaso. Daguerre teria guardado uma placa que tinha ficado pouco tempo exposta à luz num armário onde havia também um termômetro de mercúrio quebrado. No dia seguinte, ele notou que uma imagem visível havia se formado sobre a placa. Graças ao mercúrio, as áreas atingidas pela luz apareciam claras e brilhantes.

Apesar de Niépce ter apresentado as primeiras imagens, o título de 'inventor da fotografia' ficou com seu colega francês Louis-Jacques Daguerre (1787-1851), com quem trabalhou de 1829 a 1833. Em 7 de janeiro de 1839, Daguerre apresentou na Academia Francesa de Ciência, em Paris, sua invenção - o daguerreótipo. Esse aparelho consistia em uma caixa preta, na qual era colocada uma chapa de cobre prateada e polida que, submetida a vapores de iodo, formava sobre si uma camada de iodeto de prata. Essa placa era exposta à luz dentro de uma câmara escura por 4 a 10 minutos. Depois, era revelada em vapor de mercúrio aquecido, que aderia ao material nas partes onde ele havia sido sensibilizado pela luz, formando a imagem.